Não deixe ninguém entrar
Nem abrir a porta
A campainha também não deve tocar
Pois pode anunciar a nona sinfonia
De Beethoven
A inevitável chegada da morte
Não deixe entrar o chato que vende livros, tapetes, panelas
Que grita nos ouvidos do silêncio..
Deixe entrar apenas o murmúrio da tarde
Cheio de sons abafados
E pássaros ariscos
Deixe entrar o perfume
A coisa de pele
O corpo nu
Expulse a solidão e o tédio
Deixe entrar o remédio
E a lembrança azul de tudo que foi vida
Mais tarde, quando a noite empurrar a barra do dia
Deixe entrar o amor de novo
Pois no meio de toda a multidão de povo
Algo inusitado pode acontecer
Um sorvete de chocolate com morango
Um tango
Uma incontrolável vontade de viver...
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