terça-feira, 22 de março de 2011

vida de genesio (meu pai)

                                             Vida de Genésio

Ai que saudades que tenho
Da rua de barro batido
Do velho sonho esquecido
Das manhãs de alegria
Saudades do Maranhão
Da minha doce Maria..
Desembarquei em Roraima
Na tarde de sexta feira
A vida sem brincadeira
Impôs a realidade
Virei colono, roceiro
Plantador de esperança
Mas como o mundo dá voltas
Feito pião de criança
O destino quis assim
Vim parar nesta cidade..
Garimpei pedras e flores
Tepequém, Venezuela
Mas a vida não é conto
Existir não é novela
Descobri umas palavras
E tornei outras mais belas..
O tempo passou depressa
Na serra de Uiramutã
Ali fiz de tudo um pouco
Eduquei moço e cunhã
Inda passei no Tucano
Um verão e um inverno
Vi Boa Vista da serra
Nas mãos um livro, um caderno..
Minha mulher me deu filhos
Muito amor, felicidade
Era o que eu precisava
Pra enfrentar a cidade..
Hoje depois de algum tempo
Flertando com a solidão
Vi as crianças nascendo
Trazendo flores na mão..
Da flauta tiro um som doce
Do trombone a lembrança
Lembro do meu Maranhão
Do meu tempo de criança
Lembro da banda furiosa
Calça Preta e Mangulão
Cortiça, Cláudio Barbosa
Antônio Lata e Negão
De tanta lembrança boa
Do dia que virou noite
Da noite que virou dia
Aprendi tocar a vida
Transformei espinho em rosa
Confusão em harmonia...
Se todos fossem Genésios
Segundo o velho Dorval
O bem não era utopia
E a tristeza viraria um imenso carnaval...


     Homenagem ao Sr. Genésio da Costa Aguiar, meu pai, agraciado com a Comenda .”Orgulho de Roraima”- homenagem aos pioneiros, durante inauguração da Assembléia Legislativa de Roraima.

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