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terça-feira, 31 de maio de 2011

cavalos e montes


É fascinante a grandeza do Monte Roraima. Imponente e simples feito o orvalho da manhã. Enquanto paisagem ele se mostra frio e distante, ao mesmo tempo em que derrama na alma alguma coisa inédita. Na alma do caminhante, do viajante, do que ainda toma susto com os detalhes da trilha de flores e se espanta com a vertiginosidade de sua altura.
E tudo isso saiu diretamente das mãos de Deus. De seu toque artesanal, da explosão em amor de todos os elementos de sua criação. Ora, se assim foi feito e acabado, temos agora o benefício da contemplação, o presente do olhar, a dádiva de estar perto daquela estátua do lavrado roraimense.
Ora, Habacuque fala em tom poético sua profecia e sua capacidade de louvar a Deus com arte. Diz dos montes, das grandes elevações como o Hermon, que eles se contorcem diante da visão da Divindade. Também o Monte Roraima treme diante do Infinito Pessoal, daquele que não embarca na canoa do panteísmo, mas está pra além daquilo que por Ele foi construído.
Tudo isso nos remete à confrontada e discutida soberania de Deus. Ora, se o monte tem um ar soberano, imagine mensurar a soberania de Deus, pesando-a, colocando-a na balança das limitações humanas. Isso em nada abala aqueles que seguem a Jesus, que amam e sabem do controle divino sobre todas as coisas. Abaixo do monte estão os cavalos selvagens do Maruai, que não tem freio nos beiços nem cabresto, nem marca de ferro quente, não são bicho de curral.
Somos aqueles cavalos selvagens, aqueles bichos que seguem com a crina solta ao vento, numa leveza maravilhosa, sem nenhum laço que oprima ou encabreste, sem as tradições humanas e religiosas que cristalizam o existir.
Soberania de Deus e liberdade humana. Portento divino e peito aberto pelos lavrados da vida. O Caminho da Graça nos faz enxergar a trilha aberta, a vereda feita pelo menino que fugiu para o Egito, a fim de não ser mais um a engrossar as estatísticas da morte. Estamos soltos no pasto da Graça, correndo nesse imenso mar de capim existencial, que nos remete ao pastor divino, aos vales de Baca e aos tempos de refrigério.
Ser filho livre do chão é o destino daqueles que caminham na imensidão do mistério e do segredo, despindo-se dos trapos da obviedade moral e da ética cartesiana, centrada em regrinhas e simetrias de neurose.
Montes e cavalos se espreitam e se admiram. Resta saber o que um vai fazer do outro...

Walber Aguiar -  31-05-11

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